sábado, 28 de novembro de 2009

a história de um boy

Como diriam uns malandros tádemaisianos há um tempo atrás: "a moda agora é postar vídeo". Pois é. Quando a moda pega, não há nada que pare. Então, vamos lá, Seu Chico, toca o som pra galera.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

doce Novembro.

Por mais que Myriam diga que ela mesma é como Dezembro, devo contestá-la, até porque Dezembro é uma época que mais contraria a personalidade agitada e inquieta de minha irmã. Na verdade, Myriam é mais parecida com o Novembro, uma nata escorpiana que vai aqui, vai ali, vai lá, acha, mas contesta e ainda sai procurando por onde der.
O Novembro é bem mais sua cara, porque é nele que nos organizamos feito trens sem locomotivas para quitarmos as dívidas de um ano todo e planejarmos o que fazer no ano que vem. Claro, com mais contas a serem pagas. Myriam tem a cara do Novembro, porque nele estão os últimos exames de sua universidade e aí é, quando ela mais se deleita, porque Myriam raramente quer uma rede ou uma sandália havaiana. Myriam quer debate, conversa, polêmica, escavar os livros na madrugada de uma sexta-feira à noite. Barzinho com as amigas e o namorado é a última opção.
Dezembro é o mês para ficar de pernas pro ar, esperando a chegada do Natal e depois do Ano Novo e disso Myriam não gosta; Myriam aprecia o tulmuto, carne pra ser comprada no açougue, copo quebrado dentro de casa, pra ter de comprar mais uns trinta pelo menos, história que dure cinquenta minutos e que nela tenha trezentas e oitentas polêmicas, sistematizadas uma a uma por ela.
Myriam detesta, quando Novembro acaba. Não haverá mais nenhum trabalho sobre Direito Penal, seu expediente reduzirá pela metade e seus professores de línguas estrangeiras, do curso sobre Bolsa de Valores e das aulas de meditação chinesa estarão em férias. E agora, Myriam? Ela vai endoidecer, meu Deus! Vai procurar o mar, mas vai ver que não era o mar que ela queria; na verdade, era o Centro Histórico. Mas não, não era o Centro, era o Litoral Sul.
Ela tenta diuturnamente alargar o tempo, para que dia o fique com vinte e oito horas e os meses com quarenta dias, no mínimo, o que não combina nada com Dezembro, onde há tempo de sobra para fazer lanchinhos com Lilice na padaria, comprar presentinhos e lembrancinhas para a família, até fazer uma viagem para sei lá onde. Mas Myriam não se contenta com isso, ela quer a labuta da vida dinâmica, quer a polêmica à noite, uma velocidade louca e vibrante. '
Todavia, entre toda essa potência de infinitos watts, existe uma Myriam que é Iaiá Linda de Papai, que sorri feito besta com brincadeira de neném e que dá gargalhadas na cozinha com qualquer pilheriazinha no intervalo dos estudos.
Por isso que, na verdade, Myriam é um doce Novembro.

 L.
 João Pessoa, 27 de Novembro de 2009

carta de defunto.

Revendo os conceitos, acredito, pois, que, mediante as noções aqui postas, devemos provar as nossas visões e as escutas posteriormente outorgadas. Faremos a contrariedade das injunções e seremos colocados à revelia pela conformidade dos tenores que entoam suas vozes, tornando-se caducos dos patrões e os caudilhos dos senis. Romperemos com os padrões desses loucos e cansativos e ficaremos mais pródigos do que nunca, pois as conspirações não serão sistematizadas nem compactuadas ante a nossa omissão e a nossa desordem, os quais naturalmente causarão espanto, rancor e perseguição. As pedras serão atiradas debalde, já que sangraremos como se tomássemos banho; receberemos os mais sortidos vitupérios e as injúrias mais odiosas advindas dos rebanhos das mais longínquas plagas. Sofreremos com a perda do nosso quinhão retórico, e a nossas voz será cada vez mais intrínseca, reflexiva e pouco notória. Enfim, nos extinguiremos paulatinamente como defuntos abaixo do solo, comidos pelos vermes, pois fomos fitados como uma legião de impacientes e insipientes.
Você que está aí parada, vista a túnica e se lance à ignomínia para todos os séculos, sem aceitar o tormentoso sabor da inquietude e a doce ferida do nosso labor, senhora. Foge ao teu recanto mais privilegiado e furta-se de tua aura e de tua sina. Vives, em quanto morremos entalados, sufocados, engolidos. Porém, estudados.
Perdão, aqui jaz um bando que ora os deixa em paz, a fim de que vós reciteis vossos poemas e vossos saraus.

Defunto
João Pessoa, 26 de Novembro de 2009.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

enquanto isso um poeta sai numa aula de antropologia há alguns meses atrás e, abruptamente, diz

e tudo é tão mais cruel do que se imaginava, tão dilacerador sem
trégua, inexoravelmente, uma dor, uma cruz.
as rodas dos falsos intelectualóides me irritam
é uma ira branda, guardada em um recanto
"somos milhões..."
não me aguento mais
vou sair
não, não vou
ficar e escutar a batida dos músculos
ou os sambas na memória
"conseguiram alguns avanços..."

eu peço: parem!
ninguem me escuta.

João Pessoa, meados de maio de 2009
L.

terça-feira, 17 de novembro de 2009