quinta-feira, 29 de maio de 2008

Da noite

Tenho um colega chamado Thiago, porém todos o conhecem pelo vulgo "Venâncio". Pois é, esse mesmo, caro leitor.
Estou em sua companhia, agora, metodicamente, neste instante, a fazer nada, entrando no total e completo ócio mais inimaginável, aquele que, de tão estático, gera a dor e a melancolia, mas principalmente, a prosa.
Prosamos muito. Sobre os mais sortidos temas, os quais nunca cessávamos um instante de alegria e descontração, para debatermos e dialogarmos sobre tais. É certo que os assuntos, apesar de possuírem uma essência sisuda, eram recheados por anedotas maquinadas por nós.
Um desses diálogos povoava no fato de como a sociedade nos reprime e nos extrangula, a fim de que vistamos um padrão de ente e que, nele, vivamos por toda existência, renunciando ações deleitosas ao nosso gosto, maquinando personalidades conflituosas e hipócritas. O mundo nos controla, o sistema nos impõe as regras. E nós obedecemos. Hein, Venâncio? Leitor?

Lafayette Gadelha
João Pessoa, 30 de Maio de 2008

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Batuca, bebe e beija...

...enquanto isso, o povo paraibano, principalmente, os que fazem parte de uma conjuntura que estamos bem distante dela, vivem sob ditaduras, genuínos holocaustos, a resignar-se a um Estado e a uma sociedade exludentes e indifirentes aos seus problemas, todavia possuem a rebeldia instrínseca, impossível de tomar controle e que, de maneira fugaz, explode, resultando em mais problemas que, infelizmente violam a segurança e os próprios valores.
Às vezes, encontro com Rosinaldo, menino de rua que aprendeu a se virar com um malabarismo de circo amador, mas é este que promove o seu "sustento" de garoto púbere, seus vícios e, quem sabe, um pão pra matar a fome, quando já está em seu limite. Ele trabalha no semáforo em frente ao Mercado de Artesanato, mas, esporadicamente, o vejo na sorveteria, onde lhe pago um sorvete e converso sobre seus estudos e sobre sua família. Ele é sincero e fala, apressadamente, sem dar pausas nos intervalos das palavras, que não vai muito a escola, mas está matriculado, em uma escola do município. Ao final da prosa, pede-me melindroso uns trocados e roupas velhas.
Talvez Rosinaldo, não saiba, mas ele é ludibriado, a toda hora, porque um dos homens que deveria lhe proporcionar necessidades básicas, que governa um Estado da República, batuca, bebe e beija.
A Paraíba carece de políticos de que se sintam mal, ao ver a situações como a de Rosinaldo, que seja instalada uma revolta que os tome e os façam dotados do espírito público mais verdadeiro. Afinal, o sofrimento gera a compaixão.