quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Para quem não gosta de ir ao dentista

Leiam. Muito interessante: http://www.plasticobolha.com/2008/04/02/odontologia-a-farsa/
Comemorei como gol do Palmeiras. Pode até ser uma calúnia ou um engodo qualquer de um polemista, mas que agrada, agrada...

Lafayette Gadelha
João Pessoa, 24 de Setembro de 2008

domingo, 14 de setembro de 2008

Seu Expedito

A gente chegava na Companhia e ele estava lá sentado com os amigos, inclusive a pagar todos os custos da mesa, tomando seu chopp na caneca fria e separada, exclusivamente, para ele. Sempre era hospitaleiro com todos os clientes, conosco principalmente, e como prova da sua polidez perene, é a sinuca no canto do bar, a qual foi uma petição nossa, freqüentadores fidedignos de lá.
Nem era tão próximo dele, mas o seu semblante era capaz de inebriar o homem mais frio da cidade e cativar os mais depressivos e acanhados indivíduos que ali fossem chorar suas mágoas de amor. Seu Expedito viajou para uma dimensão desconhecida. Agora, paira apenas o pranto dos garçons sobre os copos do bar, a voz cada vez mais tênue do cantor e a solidão de seus companheiros de boemia.
Subordinados aos vícios da noite, jamais cessaremos nossa freqüência rotineira àquela taberna, embora a sua singularidade tenha se esvaído tão abruptamente com a morte dele, de modo que assim o faremos como forma de homenagem, gratidão e devotamento.
Lafayette Gadelha
João Pessoa, 14 de Setembro de 2008.

domingo, 7 de setembro de 2008

É setembro e por isso não chove mais. O verão começa a tomar a cidade e é o vento que anuncia isso, livrando-se lentamente do cheiro da chuva que o envolve de maio a agosto.
E assim eu também vou me desprendendo desses ares de terra fria, da água que cai sem parar e me empurra tanto para dentro de mim mesma, como se as tempestades fossem de ferro e circundassem todo o espaço que há fora da minha alma e do meu corpo, obrigando-me a uma reclusão triste nas curtas e vagas extensões que possuo e que chamo de só minhas.
Os lugares, as horas, as brisas e o movimento das marés têm esse poder: fecham e abrem meu coraçao quando bem entendem, nao sou dona dele, viro escrava, umas vezes exangue, despedaçada, inerte; outras vezes histérica e eufórica, como se toda a falta de lucidez da natureza tomasse conta da maneira como não desbravo meus caminhos e não conduzo minha vida.
Eu sempre soube que estava acorrentada aos humores da natureza, desde que, depois de visitar Aracati e tornar-me tão íntima do seu espírito, dos seus movimentos e odores, senti, a tantos quilometros de distância, o cheiro de sua praia numa aragem que atravessa estados e traz para a aridez do sertão a delícia da maresia. Pensei que estava na praia, eu, naquele instante enterrada na depressão sertaneja que começa na serra da viraçao e torna toda aquela região tao mais longínqua e distante do que na verdade é. Meus pés já pisavam uma rede de pescador, sujos de areia molhada e de sargaço.
Setembro me transporta para outros setembros. E os setembros, que era tão felizes por expulsarem a chuva e trazerem de volta o calor e a luz, agora são impotentes diante da profundidade do meu claustro. Meus minutos, nesses últimos temporais, foram mais longos ,até mesmo que os longos minutos de inverno, e ,assim, fui me embrenhando no meu peito sem nenhum limite, tanto que agora acho que nem consigo ver o ponto de onde saí, o retorno parece imensamente demorado.