sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Mais uma de amor ;))))

Lafa, para mim, você sempre será o meu irmão mais novo, o caçula (porque Lilice demorou um tempo pra chegar, né?). Hoje vejo em você um homem feito, não só ciente das responsabilidades que tem, mas comprometido com elas. Devo lhe dizer que há muito tempo eu não era tão feliz. Ver você realizado e apaixonado pela vida me dá uma satisfação infinita. Às vezes me ocorre um medo egoísta de lhe perder para o mundo porque, em que pese eu lhe ter como 'meu irmãozinho', eu sempre fui muito mais imatura, dengosa, cheia de caprichos infantis. E você, mesmo sabendo disso, nunca fez questão de me encher de mimos, tantas vezes tão desnecessários. Das coisas do além eu sei pouco e duvido muito. Só que, não raro, eu sinto que nossa conexão ultrapassa os limites da relação de sangue que o destino nos impôs. Se eu lhe conhecesse hoje e agora, seria, inexoravelmente, uma fiel discípula e me faria de pronto sua melhor amiga. Você é o melhor amigo que alguém pode ter. Sua disciplina me irrita um pouco e eu chego a lhe achar enjoado, como acredito que você também se impacienta com minha imprevisibilidade e toda a labilidade emocional. No fim das contas, eu desejo imensamente a sua resolutividade e decisão, porque minhas certezas se esvaem em uma dose de uísque, enquanto você resta calmo, sereno e tranquilo, como naquela música, uma das primeiras que você aprendeu a tocar no violão. Minhas melhores lembranças são com você. As piores também, mas se você não existisse, elas ficariam menos leves. Como você faz graça eu nunca me canso. Como você continua crescendo, eu não me espanto. Como você ama as pessoas, também não me assusta - essa sua empatia natural com todos os seres humanos só desperta em mim a vontade de ser uma pessoa melhor. Lafa, você é uma pessoa inspiradora. Desde menino tão comportado, estudioso, meticuloso que só parece meu irmão ao som de Beatles, Belchior e Los Hermanos. Ou quando para e olha trocado, sem me deixar saber o que você vê, mas discute comigo tudo o que está além da nossa compreensão. Mas é incrível como quase sempre nos damos por satisfeitos com a ausência de resposta e aí, nesse caso, o conformismo não parece uma coisa tão ruim assim. Nós dois sabemos como esses últimos anos foram difíceis e cruéis. Amadurecer no carbureto e virar adulto da noite pro dia foi bem complicado, mas isso nunca nos tirou a alegria de viver, nem de acreditar que dias melhores viriam. E, de fato, vieram. Ainda me assusta a possibilidade de a tristeza retornar, e esse medo, por vezes, é pior que a própria tristeza. Você bem entende como é ter a sensação de que, a qualquer momento, um evento inesperado nos tome novamente de assalto e encha nossos corações de pesar. Mas, como papai dizia, a vida é sempre lançada à queima roupa e a lição mais preciosa disso tudo é que os leões que temos que engolir a cada dia parecem menos ferozes. Você é meu companheiro de batalhas e até hoje não conheci melhor guerreiro. Tão corajoso, Lafa, tão valente você é. Não cabe em mim o orgulho que sinto dos seus tantos predicados. Só posso repetir Che, bater no peito dizendo que endurecemos e não perdemos nunca a ternura. Que o bom do nosso cotidiano são as brincadeiras que não deixamos de fazer, as piadas, não raro as mesmas (ou do mesmo tom de humor- o nosso!), mas sempre tão engraçada, a leveza. Sinto sua falta todos os dias, mais por isso do que por você ser meu grande herói. Amanhã você começa, oficialmente, a dar contornos concretos àquele plano que fizemos lá no Leblon. Sei que você vai fazer tudo certo, que seus ideais manter-se-ão incólumes e que a revolução virá de passo em passo. Queria muito que papai e mamãe estivessem aqui. Fico imaginando o que ele estaria lhe dizendo, como mamãe estaria contente escolhendo seu paletó. Como eles ririam, embriagados de satisfação, toda vez que lembrassem dos seus 2833 votos. Como eles repetiriam, incessantemente, que não vale o poder apenas pelo poder, que quem não vive pra servir, não serve pra viver. Mas você guardou bem, sei que sua memória não falha. Só para garantir, repita na sua mente mais algumas vezes. Que neste ano nós consigamos ter disciplina para cumprir a dieta dos pontos, que seu violão não descanse nunca, assim como nossa vontade de ajudar a quem mais precisa. Que a sensibilidade não falte nunca, mas que a razão também seja amiga (sobretudo minha), que possamos dar mais atenção aos livros e amigos, e não esquecer nunca de dizer o quanto nos amamos e o quanto somos importantes uns para os outros. Eu amo muito você, Lafa. Um beijo imenso e o abraço mais apertado da sua Naná.


M.