sábado, 29 de maio de 2010

o Bar Savoy é o nosso Caldinho.



Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.
Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.



Carlos Pena.

domingo, 23 de maio de 2010

meu pai falou que eu sou Augusto dos Anjos, meu ego foi pra cima e to postando.


A minha paz vem pelo vento. Ele me tira o sufoco de um homem certas vezes derrubado pelas vociferações dos mais próximos cada vez distantes de mim. Ele leva o pouco do fogo e o pouco do som que me restaram durante esse processo de putrefação que meu coração sofre, ante minhas lástimas caladas e meu silêncio recatado na rede. A cabeça tonta. Os olhos dos quais não sai sequer uma lágrima. E a solidão numa tarde que certamente vai ser sem fim.
O vento vai e volta como um remédio efêmero, fugaz. Um revigorador e fonte de uma abstração que faz debater dentro de mim um conflito sistemático entre o sim e o não, o fazer ou se omitir. É cruel e mordaz todo esse processo de um aroma desgastado e uma voz que sai desgastada. A melodia que se toca sem propósito, sem intento.
Os letras são produtos da alucinação do vento e dele serão o desgaste do dia.

L.
João Pessoa,  19 de Maio de 2010.