domingo, 19 de abril de 2009

ensaiozinho mandado por depoimento

de uma flor:

"Saudade daquele carnaval de 1971, aquelas marchinhas ainda soam levemente aos meus ouvidos. Lembro-me da fantasia de mocinha, eu estava com um vestido branco, rodado, com bolinhas pretas. Naquela época meu cabelo era curto e loiro, bem loiro; o de John era feito com tinta preta - e bastante alto, ele vestia um macacão jeans com botas pretas. Como já dissera Chico Buarque, naquele fevereiro, eu era a favorita, e John: o mestre sala. E por falar em Chico... me bateu uma imensa vontade de retornar à Itália, onde passamos anos compondo, fumando e conversando nos cafés. O café de outrora tinha um sabor mais prazeroso. Se eu pudesse, voltaria a desafiar Hitler, fiquei conhecida por que fui a única que teve a ousadia de desafiá-lo, depois que o fiz, o Führer mostrou-se um amigo e tanto.Eu fui malandra, rainha, princesa, escrava, eu fui Maria. E John sempre esteve comigo, desde o 11 de fevereiro de 1971. E hoje, nem eu, nem ele, sabemos o que somos, a única certeza é a saudade do tempo em que não vivemos. "

K.

domingo, 5 de abril de 2009

um tanto nostálgico é "Joana"

O mundo é feio, Joana,
Muito feio
Nem adianta você me falar nada
Nem peleje, Joana.

Porque, você é rica,
Come o que quer
E vive feliz
Você, Joana, não morreu.

Nunca foi ao morro
Mal as janelas abres
E pensas que sabe
Mas não, Joana, não sabes

Tu, Joana, és benquista
E pelos homens vista
Com desvelo e bons olhos
Não és feia como mundo

E não conheces a cor dos bancos da praça
Jamais viste o senhor que caminha nela
Ou o bêbado que dorme por lá
Oh, Joana, liberta-se e vê.

Também não estás só, Joana
Como tantas Marias e Anas
Além de outras Joanas
Que, pelo revés, não são uma Joana.

O mundo não é um mito, Joana
Como Drummond criou fulana
Como Alice e Cinderela
Ele nem é baile nem festa

E que é o mundo?
Ah!sei lá, Joana, pede a Deus
Que uma visão te dê
E palavras

Ah palavras! Onde elas estão?
Correm por aí, vagando
E Joana precisa delas
E de coragem

Você, Joana, bateu pino ontem,
Hoje, e baterá amanhã
Porque você não se machuca e é flor
No entanto, o mundo é feio, Joana.

Lafa
Meados de 2006, creio.