quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ensaiozinho amador no verso da prova de biologia

Meu bem,

O tempo cristalizou nossas esperanças, e os planos se dissiparam como papel n'água. Tememos o futuro que se edificou , em tua cabeça, semelhante a um monstro, e te fez essa menina de olhar oblíquo, de um beijo, de um "uh!"...
Tua vida te desenhou cada vez mais sem vida, sem rota, e aceitaste tênue a infelicidade e o infortúnio que serão, ao teu contento, companheiros diletos e vitalícios.
Vai, Maria, dá um rodeio na praça, fitando as crianças, e passa Júlia, passa Sandra, Patrícia, Vitória, e você se esquiva: "não , hoje não, outra hora" ou "após a sesta amanhã", mas prossegues na solidão, aceitando os meandros da vida estática, fria e calada, com o mesmo olhar inclinado, os lábios cerrados, sem beijo, sem "uh!".

Lafayette Gadelha
João Pessoa, 13 de Outubro de 2008