domingo, 14 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

nem te amo mais, papel.

Eu costumava escrever em versos de provas, no meio de aulas monótonas, escrevia até em papel rasurada no meio da cozinha sem ninguém ver, morrendo de medo que algum traseunte residencial me visse naquele íntimo momento. Papel, eu. Eu, papel. Um romance um tanto diferente. Diferente lá! Papel me ama, senhores. Eu é que faço doce e às vezes digo "não!", digo "sai", digo "vai pro teu canto". Papel não fica triste, sabe que eu volto e com as maiores maluquices, as maiores audácias que um leitor pode escutar. Que papel pode receber. É o romantismo mais bonito que ela gosta.
Nessa relação, papel é muitas vezes, digo na maioria das vez, meu consolo, minha dor. Raramente, minha alegria.
Mas papel é algumas vezes muito pérfida, falsa, mentirosa! Diz que eu tenho inspiração, que eu sou o gênio da letra, que eu sou o senhor das palavras e tudo mais, todo esse papo conquistador do tipo: "risca a caneta", num orgulho autônomo cheio de si, que me destrói por inteiro. De pateta, coloco a caneta. Sai algo? Nada. No mais das vezes, um desenho, uma circunferência pintada, um homem com uma casa e uma árvore.
Papel só ri da minha cara, desdenha de mim, me escarnece como se eu fosse ninguém. Um inquilino, um enganador. Cousa que eu sei que eu não sou. Às vezes até prego a atenção de Francisca, de João, de Antônio, de Myriam, de Queoma, pra rimar, só não de Lampião. E papel diz que eu sou ruim, depois que me chama, (e pra virar cordel), pedindo um pouquinho de atenção.
Parou de cordel e vamos ao que interessa. Venho de público cortar minhas relações com papel. Descarada, bandida, vagabunda, ordinária. Não sou homem pra todo esse engodo, esse seu sofisma criado só pra não ficar longe de caneta. Vou-me embora desse espaço, quero alguém mais dinâmica e rápida e que não ouse me caluniar sobre minha inspiração, minha atividade mais lúdica. Decidi me afastar de papel para sempre, a não ser que um dia  ela volte aos meus pés e se humilhe diante de mim, reconhecendo as humilhações que me fez e os constrangimentos que me causou, a mim e a meus leitores.
E para papel saber e ficar morrendo de raiva, roendo por mim, estou de namoro com computador. E pra rimar, que diz que eu sou sabido e conquistador, não um enrolador.

L.
João Pessoa, 11 de Março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

free as a bird.



free as a bird é John puro.

L.
João Pessoa, 10 de Março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

só falta uma melodia.

tudo me leva a corrupção.
eu já não consigo travar uma batalha.
com essa multidão.
Senhor, perdão.
os psicólogos vêm e vão.
e eu me perco no escuro.
procurando mais solidão.
não sou forte pra tanto.
"um chá", digo não, discretamente.
agora o café, e eu só penso nas casas.
só penso no barro, na poeira e no pouco de fé.
que resta a meu amigo do posto.
ao outro que curte aquela valsinha.
mas eu me despedaço em dois, em três.
em mil.
e faço o despacho.
me acabo no frio do meu quarto.
descanso sem ar, sem meu amor.
sem nenhum tico de cor.
vou me abraçar com a morte.
e ser dela seu mais assíduo compositor.

L.
João Pessoa, 9 de Março de 2010

PS.: cabe a Myriam a segunda parte. No aguardo.