sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Conclusão

Vou tentar fechar olhos e tentar redescobrir a nuances e os comportamentos de um passado que parece intangível, pouco palpável, embora temporariamente não tão distante. Recordo-me muito bem do quanto eu me envolvia com as palavras e fazia delas a transformação e a evidência de meus sentimentos mais subreptícios, arrimados sob a contestação do óbvio e da erudição eventualmente forçada. Confesso que não sinto tanta saudade desses dias, porque hoje a felicidade desaba sobre os meus olhos e meu rosto retina a leveza de minha alma e do meu coração, contudo, como já diria o poeta, para se fazer um samba, tem que ter um pouco de tristeza, e mesmo, num turbilhão de alvíssaras, sinto uma necessidade quase que permanente de deitar-me no chão, cerrar o mundo, embebedar-me de suor, em uma cálida e árida tarde dos sertões, daí sentir o nada e a solitude desejada, no sombrio do cômodo, da mobília lúgubre.
Parece que, apesar de toda essa combustão de sorrisos e afetos, mais vale o sabor desse momento tão peculiar e que pensava eu ser tão longínquo na memória e no tato. (É sofreguidão viver sob apanágio dessa sensibilidade mutante que nem os deuses controlariam). O jeito é mudar as formas, colorir o contexto e saber que continuo sendo a nuance perdida como meus reles amigos e companheiros ressaltavam sempre. Concluo, pois.

Sousa, 01 de Novembro de 2013


L.

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