domingo, 23 de dezembro de 2007

O amor, amor

Amor, o amor não é pra se amar. Entenda bem, amor. Amor não é amor, é abstração. É pensamento, é indefinição, criação inoportuna, enigma ambulante, sinestesia poética, dicotomia humana, descoberta desvairada e sem cura, putrefação das mágoas e dos sentimentos de rancor. Amor é mais que amar, amor. Amor é claustrofóbico ou leve, dependendo do momento, da circunstância e do amor, amor. Amor não se toca, porém as composições estão aí, e violinos, violas, violões, pianos e sanfonas não param de ritma-lo. Ah, o amor dói. Corre por dentro das artérias e nem doutores das ciências médicas decifram tal formação, por isso, deles, eu tenho dó.
Amor não se concebe nem se atrofia; amor é eterno e não se sorte, porque amor é constante, linear e demais da conta um só. Porque você, amor, sofre, contudo está sempre intacta, imaculada e estática perante meu semblante que só tem lágrimas, sorrisos e vociferações dedicados, fabricados e martirizados a ti.
Amor também não se apaixona, mas se casta, porque castidade é entrega e, portanto não existe amor sem entrega, amor. Amor também pode ser tomar uma cerveja, prosear na praça, tomar banho cantando Elvis ou Beatles, cair na risada com a anedota mais pífia ou abraçar um amigo, porque amor é, subjetivamente, elucidativo, e cada qual anda, fala e geme com sua interpretação, até porque amor não é tortura, nem povoa na autoridade. Amor é uma conquista, uma decisão. Para lograr amor, é mister siso sem perder a beleza, o refino e a categoria.
Amor se edifica, cumpre-se paulatinamente e, assim como Deus criou o mundo, amor também se descansa, mas de semente e corpo indestrutíveis e irretocáveis, composto de alicerces rijos.
Amor não se recita nem se ora, porém está presente nos símbolos mais calados e sagrados, pois amor é advindo dos deuses e consagrado apenas para a felicidade.
O que se sabe, amor, é que este amor que o mundo fala, que João ama Carla, que Maria ama Reinaldo ou que pais amam os filhos não tem conceito, nem apostos explicativos, todavia é verdadeiro, sublime e real, por isso, eu também te amo, amor.
Lafayette Gadelha
Sousa, 23 de Dezembro de 2007

2 comentários:

Sem cláusulas disse...

Esse texto foi feito para mim. Também te amo Lafa, sou sua leitora assídua e fã faz mais tempo :)))

Sem cláusulas disse...

Myriam - irma de Lafa